sábado, 1 de setembro de 2007

Leituras

Terminei de ler semana passada "Sobre a Televisão", do sociólogo francês Pierre Bourdieu, um best-seller na França (o livro, não o autor).

O Bourdieu gosta de bater na tecla de enfrentar o neoliberalismo e a ordem ideológica vigente, constantemente legitimada pela mídia em geral (muitas vezes, sem o próprio jornalista perceber seu papel nesse círculo). O livro, como diz o título, fala sobre a dominação midiática no campo televisivo jornalístico, mas também entra no meio dos jornais impressos.

É muito bom, recomendo a todos. É bem requisitado também, na biblioteca da PUC tem 14 exemplares e eu ainda tive que reservar pra poder pegar, mas vale a pena, as análises do autor são muito boas.

Nenhum estudante de jornalismo devia sair do curso sem ler obras como essa, sem perceber o domínio que é exercido nos meios de comunicação. Um jornalista tem que saber o meio onde está trabalhando, o que acontece em volta. Quarta-feira passada, na aula de História do Jornalismo, o professor falou sobre a atual avalanche de informações, a "desinformação por excesso". Um processo muito complicado de ser revertido, com certeza. Ele falava sobre o papel de cada um de nós nisso, sobre a importância de não tentar mudar sozinho um movimento social, mas de pensar em seu próprio trabalho como parte de um todo, e, esse sim, tentar melhorar e mudar. É claro que ninguém prestava atenção, todo mundo guardava os materiais, decerto pensando "que merda, esse cara não pára de fala, quero ir pra casa e almoçar".

Dos que estavam na sala, provavelmente uns 5, 6, 7 (de 40) tiveram noção da abrangência do discurso, da sua importância. Porque o que ele dizia se aplicava em muitos casos. Na dita imparcialidade do jornalismo, por exemplo. Atualmente, muitos jornalistas difundem ideologias (de forma imperceptível para muitos) mesmo sem concordar com elas (leiam "Sobre a Televisão"!). Inclusive, tem uma frase boa sobre isso num livro que estou lendo para essa mesma cadeira (do próprio professor, inclusive). Falando sobre o surgimento do jornalismo empresarial no Rio Grande do Sul (este mesmo, que perdura até hoje, dito nêutro). Lá pelas tantas, lê-se: "A nova empresa jornalística é uma agência política que apenas não expõe seu nome". Mas é melhor ir pra casa pensar, afinal, aquilo que o professor tentava dizer não parecia importante mesmo.
***
Às vezes as pessoas acham que a vida, a política e as coisas são complicadas demais e simplificam um pouco todo o processo. Dicotomizar é mais fácil, sabe como é, um lado é bom e outro é mal e não existe espaço para discussões. Uma linha bem Veja. Olavo de Carvalho é um desses. Não é bom dar publicidade pra esse tipo de gente, o que ele mais quer é isso, mas foda-se.
Este é um texto de 2000, do tempo do governo Olívio aqui no RS. É destinado ao então governador, mas fala sobre esquerda e direita de um modo bem geral. Posto isso aqui de forma independente de questões partidárias, apenas pra dividir com as pessoas. Bem interessante, para ver como não se deve pensar em política, dividindo em "certo" e "errado", baseado em colocações infantis, desconsiderando inúmeros estudos e pensamentos de outros. E muita gente deve ler e pensar "nossa, mas que esclarecedor". Eu leio e penso: "como seria bom se fosse desse jeito". Seria tão mais fácil. Mas deixemos Olavo de Carvalho com suas fantasias.

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6 Comentários:

Às 2 de setembro de 2007 às 16:49 , Blogger Jornalistas disse...

eu fico muito puto com que não presta atenção nessas aulas, mas fazer o que? educação né meu filho...


ah, não consegui ler até o final do texto do olavo, não vou ficar perdendo tempo com uma teoria tão retardada.


parabéns pelo segundo post, ficou bem escrito.

 
Às 2 de setembro de 2007 às 21:57 , Blogger Mariana Bartz disse...

Oi para os três!
Couto disse pra eu comentar, e aqui estou! E vou logo me convidando...
Poderia entrar no blog também?

Esses dias quase fiz um, mas não queria fazer sozinha, e também gostaria de escrever alguns textos com vocês, se estiverem de acordo, é claro..

Quanto ao texto, muito legal, o que eu vejo é que muitas pessoas dizem que está tudo errado, que o jornalismo não pode mais ser assim como é, mas não conseguem parar de contar os minutos para fechar a mochila e ir para casa fazer nada...

Isto é apenas o reflexo..
Uma pena!

Abraços,
Mariana Bartz

 
Às 3 de setembro de 2007 às 20:10 , Anonymous Anônimo disse...

Raquel Santos disse...

Olha eu aqui de novo HUAIHAUI
Tenho um ponto sobre a idéia da imparcialidade do jornalismo.

Acho que ser imparcial em qualquer aspecto é muito complicado. Vc é direta e constantemente influenciado pela sua realidade e pelo seu pensamento.
No caso do Jornalismo é bem complicado tb, pq quando se trata de transmitir as coisas por meio de palavras ao público, até a escolha do vocabulário influencia na imagem que vc quer/está passando..
Acho que ser parcial, ainda que sutilmente, é inevitável. O problema na verdade é ser TENDENCIOSO . Aí sim eu concordo que a mídia hoje anda deixando muito a desejar. Pra um grupo que influencia tantas camadas, a situação é grave.

Meu professor de redação falava disso em alguma dessas semanas e deu até um exemplo de um jornal. Uma vez em uma disputa entre Lula e FHC o posicionamento do Jornal ficou CLARO só na escolha das imagens, nas quais o FHC aparecia centralizado PERFEITO em um terno azul e muito elegante enquanto o Lula aparecia saindo de uma sala, em um terno CINZA com uma pizza enorme embaixo do braço. :P

Escrevi pra caralho. Merda. HAUIHAUIAHIUA desculpa :(
:*
Bom texto Fon. Bem escrito demais ;]

 
Às 3 de setembro de 2007 às 20:33 , Blogger Com Gás - 500ml de Conteúdo disse...

Parabéns pela iniciativa!
Mais um blog pra eu ler, só feras!
Ótimo texto...

A minha opinião é viva a parcialidade!

Abraços!



Bruno!

 
Às 3 de setembro de 2007 às 20:36 , Blogger Com Gás - 500ml de Conteúdo disse...

Ah, ia me esquecendo...

O engraçado é que o maior exemplo da aula de história do jornalismo foi a maioria que a assistiu. Frutos máximos da desinformação por excesso.

 
Às 4 de setembro de 2007 às 20:46 , Blogger Unknown disse...

só queria ve o que o retardado do olavo de carvalho ia fala sobre o bordieu

 

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