terça-feira, 4 de setembro de 2007

O alter ego de Freud

São poucos os que conhecem o homem que o grande criador da Psicanálise Moderna considerava como seu outro eu. Louco, maníaco e drogado, Wilhelm Fliess foi por anos um grande amigo de Freud e acabou por ser responsável pela criação de teses como a bissexualidade, repetição de ciclos e modelo de deslocamento.

Quando ambos se encontraram, no ano de 1887, por intermédio do médico e também grande amigo de Freud, Josef Breuer, ficou claro que uma ligação de amizade unia-os. O pai da psicanálise supunha em Fliess um saber e conhecimento, e assim também pensava Wilhelm sobre Freud. Desse ano até 1904, os dois trocaram correspondências que ficaram famosas pelo caráter histórico para a área psíquica. Nelas, Sigmund conseguiu fazer uma auto-análise, começando a interpretar seus sonhos e narrando confissões que remetiam à sua infância. A partir disso, formula o Complexo de Édipo e logo em seguida, em 1900, lança sua obra-prima: “A Interpretação dos Sonhos”.

Fliess era um alemão lunático que tinha mania pelo estudo do nariz humano. Segundo ele, os órgãos sexuais teriam as mesmas estruturas que a região nasal, e todos as doenças e problemas psíquicos eram relacionados a ela. Por um tempo, Freud, na situação transferencial em que se encontrava com o amigo através das cartas, acreditou e admirou as idéias delirantes de Fliess. Isso resultou em um famoso caso em que ele pediu para o amigo operar uma antiga paciente, Emma Eckstein, que era considerada como umas das tantas mulheres histéricas da época. Fliess fez uma cirurgia em seu nariz e acabou por quase matar a mulher quando, quinze dias depois, foi achado meio metro de gaze dentro de sua cabeça.



Outra de suas teorias era a de que todos os seres do planeta, inclusive plantas e animais, eram regidos por um período de ciclos, no caso da mulher isso seria representado pela menstruação, que duraria 28 dias, e nos homens esse período seria menor, de apenas 23 dias. Ainda mais: dizia que em determinado dia, quando os ciclos estavam no nadir, as probabilidades de se ter uma doença era muito maior do que nos outros. Sem comprovação, essa teoria foi por muitos aceitas e para tantos outros considerada apenas como superstição.

Sua relação com seu amigo Freud acaba no ano de 1900, quando escreve: “Percebi em Freud uma animosidade pessoal contra mim que provinha da inveja(...)Afastei-me dele discretamente e abandonei a nossa correspondência regular. Desde então nada mais ele soube de mim”. Os motivos de tal afastamento também foram agravados pela briga que ambos tiveram. Fliess criou a teoria da bissexualidade e Freud inteligentemente se apropriou dela dizendo que era sua. Nas cartas que os dois trocavam ficava claro que a teoria era fliessiana, e por isso Freud queimou grande parte delas, e as que sobraram ficaram com a mulher de Fliess, Ida, que as vendeu para um colecionador. Em uma correspondência para ela, logo depois de seu marido morrer, Sigmund dizia que era para ela devolver as cartas que ambos trocaram ou que pelo menos as protegesse de qualquer utilização pública.


Mesmo com a separação, Fliess continuou com sua neurose por nariz. Experimentava em si mesmo os efeitos da cocaína em determinadas regiões nasais. Aplicava manualmente agulhas com a droga para ver os resultados obtidos. Logo depois que rompeu com Freud, Fliess caiu no anonimato e foi esquecido pela página da História. Morreu vítima de overdose de em 13 de outubro de 1928.
Thiago Couto

4 Comentários:

Às 4 de setembro de 2007 às 13:27 , Blogger bruno disse...

Eu não conhecia... Pra isso que servem os bons blogs!


Abraço!


http://comgas.blogspot.com

 
Às 4 de setembro de 2007 às 18:16 , Anonymous Anônimo disse...

Sensacional
Não sabia desse lado da psicanalise.
Acabasse com os ideias de muitos freudianos
hehe

Excelente

Abraço

 
Às 4 de setembro de 2007 às 19:10 , Blogger Unknown disse...

o que é "nadir"?

 
Às 4 de setembro de 2007 às 19:41 , Blogger Ubitec disse...

puta merda, tanta coisa que eu não sei..

heheh

bah a tua pesquisa foi mt boa cara!

abração!

 

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