domingo, 21 de outubro de 2007

As lágrimas de Piaf

Contar a vida de Edith Piaf não é fácil. Dona de uma das vozes mais bonitas da história da música, foi uma mulher que não agüentou as tragédias que o destino lhe impôs. Abandonada ainda quando criança pela mãe, viveu sua infância no bordel de sua avó paterna. Seu pai, contorcionista, era também soldado e raramente conseguia visitar a filha. Aquele ambiente promíscuo marcou para sempre o seu caráter e personalidade. Aos sete anos perde a visão por um curto período devido a uma inflamação na córnea. No ano de 1929 o pai regressa da Guerra e começa a fazer apresentações nas ruas francesas. Junto com ele, Piaf começa a cantar. Na adolescência esmola com a voz sua comida e esbanja talento que não demora a ser percebido. Louis Leplée, dono do cabaré Le Gerny's, convida-a para se apresentar. A partir de então, sua carreira decola. A vida artística leva-a ao consumo abundante de drogas e álcool. Já no plano pessoal, se apaixona por um pai de família e passa a vivenciar histórias dramáticas que irão marca-la profundamente.

Agora imagine tudo isso representado em filme. Misturar várias etapas da vida de um ser humano e retratar cada capítulo com uma profundidade psicológica imensa. Difícil? Pois é, foi o que o diretor Oliver Dahan tentou fazer em “La Môme” (traduzido para Piaf – Um Hino ao Amor). E não é que deu certo? O filme, que estreou no Brasil dia 12 de outubro, é no mínimo, brilhante. É de se notar que grande parte dessa qualidade é devido à atriz Marion Cotillard que encarna a personagem de maneira tão real que parece que é a própia Piaf encenando.
Passagens emocionantes, como quando a ainda menina Piaf (Pauline Burlet) canta a Marselhesa, são, literalmente, de arrepiar o pêlo. As músicas de sua carreira não foram dubladas, o que garante à platéia a originalidade da voz que encantou o mundo. O que deixa a desejar é somente quando La Môme canta “La Vie en Rose” em uma versão inglesa, o que quebra um pouco da magia da música em francês. Tirando isso, a trilha sonora é excelente. - Detalhe para o final emocionante com “Non, Je ne Regrette Rien” –


Marion Cotillard captura toda a complexidade dos sentimentos e expressa-os de maneira fantástica. É uma atriz que consegue representar a felicidade e a desgraça em um mesmo quadro. O papel de Edith Piaf não poderia ser mais apropriado para ela. Com sessões de maquiagem de até 5 horas, a semelhança com a cantora francesa ficou impressionante. Enfim, uma atriz excepcional.

Em Piaf – Um Hino ao Amor, vemos uma personagem bem consolidada, que possui firmeza e que não se arrepende de seus atos. Uma mulher bem decidida, mas que não resiste às drogas. Alguém que via no amor a ausência, que preferia a escuridão à claridade, que envelhece prematuramente e que com 47 anos morre decrépita e no anonimato. Uma cantora que encantou gerações e que usava a voz para retratar sua vida.




Thiago Couto

2 Comentários:

Às 22 de outubro de 2007 às 00:31 , Anonymous Anônimo disse...

Bah, a Piaf é muito boa!
Vou procurar esse filme.

Abraço!

 
Às 22 de outubro de 2007 às 18:22 , Blogger Ubitec disse...

Je Ne Regrette Rien é linda!

Bom, com tanta coisa boa esse filme só pode se bom mesmo.
Vou procurar!


Grande abraço.

 

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