segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Mais um pouquinho de Tropa de Elite

Estes dias, no "Marília Gabriela Entrevista" estavam o cineasta José Padilha e o ex-capitão do BOPE Rodrigo Pimentel (o primeiro foi o diretor do filme e o segundo o co-roteirista). Lá pelas tantas, o José Padilha falou que, antes de o filme entrar em cartaz, ele o mostrou a alguns amigos para arrecadar algumas opiniões abalizadas. Pois bem, o comentário unânime foi que o filme era claramente contra o BOPE, pelas questões da tortura e da violência.



Nas salas de cinema brasileiras, no entanto, as cenas de violência e tortura contra os traficantes são ovacionadas (ouvi isso de mais de uma pessoa). Capitão Nascimento vira um herói. Os mais afetados pelo tráfico e pela insegurança, como a classe média carioca, por exemplo, vêem os métodos extremamente violentos do BOPE como formas de vingança não apenas válidas, mas devidas. Pensam isso, certamente, porque vivenciam os riscos todo dia. Penso que uma sociedade em que seja certo linchar e torturar pessoas porque elas não têm outra opção de vida que não traficar não pode estar certa, mas alguém me interromperia falando que eu digo isso porque não estou lá, não sinto o medo e a violência na pele (não como lá, pelo menos). Bom, Maquiavel fala que um pintor deve ficar na planície para melhor retratar a montanha, e vice-versa (simplificando bastante), e isso se encaixa bem neste caso.


Para os que enxergam a atuação do BOPE como um exemplo, que traficante tem mais é que morrer com saco na cabeça, eu recomendo a leitura de "O Abusado" do Caco Barcellos. Não vou comentar nada sobre o livro, mas fica aqui o registro. Aproveitem que a Feira do Livro está aí.

Mas o pior mesmo é que com tantas coisas para serem analisadas e pensadas no filme, as pessoas preferem comparar o Capitão Nascimento com Chuck Norris, utilizar seus bordões à exaustão e ler e reler os "Capitão Nascimento facts", que são iguais à todos os outros "_______ facts", com poucas diferenças.

Para quem se encaixa nessa última categoria, faça um esforço e tente tirar algo mais proveitoso do filme.

5 Comentários:

Às 29 de outubro de 2007 às 19:33 , Blogger Jornalistas disse...

Bah, curti a parte de Maquiavel hein?

Marcelo knows!

 
Às 2 de novembro de 2007 às 22:24 , Blogger Guilherme Dal Sasso disse...

pior que eu ouvi muitos comentários sobre esse apoio aos métodos do BOPE. Chocante.

 
Às 8 de novembro de 2007 às 15:21 , Anonymous Anônimo disse...

Um dos filmes pop mais mal-compreendidos da história do cinema.

 
Às 21 de novembro de 2007 às 20:11 , Blogger Igor Carrasco disse...

Só faltou tu descobrir algo chamado "Livre Arbítrio". Porque nem todo mundo numa favela é traficante nem envolvido com o tráfico? Há uma opção, sempre. Bandido não é vítima.
Mas não, os métodos de tortura não são corretos. Correto no caso seria repressão do jeito certo, acabar com o tráfico fortalecendo as fronteiras do país contra a entrada de drogas, policiamento e urbanização dos pontos críticos(tarefa do BOPE, que faz isso com louvor NA VIDA REAL - só tem que parar com tortura) e acabar com essa mentalidade de vitimismo do bandido. Bandido é BANDIDO, não é vítima de nada.

 
Às 21 de novembro de 2007 às 20:14 , Blogger Igor Carrasco disse...

Acho que vale muito mais a visão da Bartz sobre o filme que a tua, sem ofensas ;D

 

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